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UC apresentou dia 3 de Fevereiro medicamento para diagnóstico do cancro
Fármacos produzidos na instituição poupam cinco milhões ao país




A Universidade de Coimbra (UC) apresentou um medicamento para o diagnóstico do cancro que poderá satisfazer as necessidades do país e evitar o gasto anual de cinco milhões de euros na sua importação de Espanha. O primeiro radio fármaco produzido por uma universidade portuguesa chega também ao mercado a metade do custo actual, revelou à Lusa o investigador Antero Abrunhosa, que tem estado envolvido na produção, no Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS).

A sessão de lançamento formal no mercado realiza-se na UC, com a presença dos ministros da Saúde, Paulo Macedo, e da Educação e Ciência, Nuno Crato, acompanhados pelo secretário de Estado do Ensino Superior, João Queiró.


No entanto, o denominado FDG (Fluodesoxiglucose[18f]), usada nos exames PET (Tomografia por Emissão de Positrões) para o diagnóstico de doenças oncológicas, já está a ser fornecido pelo ICNAS aos centro privados existentes em Portugal (Lisboa e Porto) e a expectativa é que as unidades públicas o venham a comprar também, em breve, logo que cessem os contractos de importação com Espanha.

Além de tornar desnecessário o recurso à importação, e de fazer baixar os custos para os serviços de saúde, "há ganhos de eficiência" porque a molécula "tem uma actividade que decai a partir de duas horas após a sua produção", na sua componente radioactiva, o que pode obrigar a utilizar mais do que uma dose para conseguir o mesmo efeito, explicou Antero Abrunhosa.



Esta molécula já é utilizada desde os anos 70 do século passado, mas em Coimbra só foi possível preparar um projecto para a sua produção a partir de 2009, com a aquisição de tecnologia, nomeadamente de um ciclotrão.


Trata-se de uma modificação da glicose marcada com o átomo de flúor 18, que permite "mapear a três dimensões o percurso dessa molécula no corpo humano". Desse modo, indica quais as células que estão a consumir mais glicose, no caso particular das cancerígenas, pelo seu metabolismo alterado, explicou Antero Abrunhosa.

Para doenças cancerígenas
Além do diagnóstico do cancro, uma parte desta tecnologia pode ser utilizada no desenvolvimento de novos medicamentos, para avaliar a sua eficácia e segurança, acrescentou. O especialista realçou ainda que, nessa vertente, a indústria farmacêutica já mostrou interesse para ajudar a desenvolver fármacos para tratamento doenças cancerígenas.

"Temos aqui um excelente enquadramento para desenvolver projectos que possam ser relevantes", sustentou o investigador, admitindo que até ao final do corrente ano o ICNAS divulgue em Portugal moléculas inovadoras, nas áreas da oncologia e ciências neurológicas, que possam até ser licenciadas para a sua comercialização em Espanha.

As receitas da comercialização da FDG ajudarão a suportar os custos de gestão anual do ciclotrão, estimados em meio milhão de euros, e reforçar a investigação no ICNAS, dirigido pelo cientista Miguel Castelo Branco.




São motícias como estas que fazem os portugueses acreditarem nas suas universidades. Acreditar que os estudantes não "gastam" apenas o dinheiro dos pais na vida boémia, mas que se empenham por melhorar e avançar o país que atravessa uma grave crise e necessita do empenho de todos nós.

artigo baseado no site online Ciência Hoje,
2012-02-02

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