Poemas de um Amigo

"Nós"

Chora lá fora a lua
Como alguém que está desesperado,
Não sei a causa mas desconfio
Que ultimamente o Sol a sua beleza não lhe
tem cantado.

tenho vontade de sair para a rua
E ao Sol mater o ego.
Faltam-me coragem...Mas ainda assim, grito:
"Sol, não vês que a Lua te ama? Ou será que és cego?"

"Cornudo"

Julgas que és o que ainda nem sonhaste ser
Pensas no que julgas
Mas o que te irá valer?

Suponho que sejas
uma frustada
Mas para desgraça minha
por mim és amada.

Sempre lutei, acima de tudo
E pela minha honra, para ter independência
mas és feiticeira e
Quando me fixo nos teus olhos faz
efervescência.

Penso muitas vezes
com quantos homens já dormiste
E quando isto te perguntei
de mim fugiste.

Não mereces
nem fazes por merecer
Todo o amor, que te dou
Mas também sou um falhado
E assim serei até morrer.

"O Mundo e Eu"

Quem sou?
O que é no mundo meu?
O calor aperta, a chuva teima em não cair
Mil caras vejo no Mundo todos os dias
Folhas caídas do coração d´alguém
Mas não faço a mínima ideia de quem.
Voam beijos, abraços
Mas não consigo agarrar
Pergunto-me o que contigo se está a passar.
Soltas lembranças atravessam-me o coração
Quero-te ter, beijar, tocar
Mas meu sonho é em vão.
Quem sou eu?
O que é no mundo meu?

"Foste, és, sempre serás Fogo Ardente em Mim"

Chegaste de mansinho
Como o voo de um passarinho;
Quebraste todas as minhas leis,
Todos os meus ideais,
Tudo isto e muito mais
E desde esse momento
Passaste a se
Sangue, alma e vida em mim,
E que bem que eu estou assim.

De todos os mares e lugares
Que mais estraordinários possam existir
Nem a pedra mais rara
Conseguirão em beleza contigo competir.l
Foste, és, sempre serás
Fogo ardente em mim
Não me peças para explicar
O porquê, só sei que gosto de ti
É curioso como a vida é assim.

"Moribundo"

Não passo de um moribundo
Amo mas não sou amado,
Creio em tudo o que me dizem
E saio sempre enganado.
Vivo na rua, sozinho,
à custa do que me é dado.
Não tenho futuro,
vivo apenas do passado.
O que fui outrora?
Um ser alegre e feliz,
mas tudo acabou
porque o destino assim o quis.
Nasci lá num ano longínquo
Entre o amor e a amizade,
hoje não sou ninguém,
um pobre sem espírito nem identidade.
Cresci no seio
de carinho e ternura
Mas aos poucos esquecerem-se de mim,
E eu? Eu caí no estado de friura.
Fui outrora importante
E depois caí no estado de decadência.
Perdi tudo o que tinha
Mas mais que tudo, a minha independência.
Já não tenho espereança
num possível futuro meu,
E quando os meus dias chegarem ao fim
Por aí ouvirão dizer: "O Vagabundo morreu."

"Sede de amar"

Tenho uma sede
Aqui bem dentro de mim
Uma sede forte
A sede de amar e de ser amado.
É tortura e terror o que vai dentro de mim
Uma fome, um espelho
Em que apareço invisível
Uma próxima vez que não chega
Uma falta de ti, do teu amor.
Tédio? Chama-lhe o que quizeres
Podes fazer-me rir
Mas o meu coração não aqueces.
Quero-te, Adoro-te, Amo-te
Quero estar contigo.
Vem que não te arrependes
Juntos vamos o universo explorar
Acorda na montanha
E ver o pôr-do-sol no mar.
Mas chego à triste conclusão
Que a minha fome e sede não vens saciar.
Deixa estar!

"Tu e eu"
Tu, Amazona de uma terra remota
Que com tuas flechas de maor
transformas e maravilhas tudo à tua passagem,
Tu, meu amanhecer, meu entardecer,
Vem, abraça-me, beija-me, acolhe-me
Juntos podemos ir pelo mundo fora
Apaixonados como só assim estiveram
os enamorados, pedro e Inês,
descobrir o paraíso, o Éden,
esse lugar mágico,
ode possamos dar assa
ao nosso amor.
Mas nem tudo são rosas
porque também as rosas têm espinhos.
Mas não é isso que nos vai derrotar
pois nós somos fortes
E com uma capacidade sobre-humana
de Amar, de sentir, de viver.
Viver, que palavra tão bela,
mas só faz sentido
se estás junto a ela.
Vamos...vamos...vamos
Até à eternidade!

"A alma e a vida"

Que sentimento este
estar contra tudo e contra todos
ser um guerreiro sem razão
mas perceber por fim que tem certa razão.
Custa por vezes viver a vida
entendê-la, percebê-la
que tristeza e crueldade
mas não quero que sintam por mim caridade.
Infelismente a vida não é como sonhamos,
é cruel, triste, sisuda
talvés fale por mim a rebeldia
pois estes versos que escrevo são tirania.
Sementes esvoaçam
fica-me a verdade crua
que minha alma está ficando nua.
Comento para os meus conselheiros silenciosos
como se sente meu estado de espírito
ele siz-me que meus amigos abandonaram-me
e as minhas reflexões magoaram-me.
Eu estou mal
perdoem-me estes meus versos
tudo corre mal no meu mundo
e eu, au bati no fundo.

"Chegas"

Quem não viveu já
De fortes valores que são os sentimentos
Amor de cá
Indiferença de lá
Recordações deteoradas que não passam de
meros acontecimentos.

E se o amor faz sofrer,
o coração é o pai da História
Púnhamos as mãos no fogo até arder
para a carne se poder ver
e o amor não passar e uma vã glória.

Frequentador de casas de azares ou sorte?
Eu, não! Que imaginação tão pouca;
prefiro antes comer um prato de sopa
que é comida dos pobres.

Levem-me este triste ser
se não por amor, que seja por dó;
Eu não quero ser poeira nem pó...
Antes evaporar ou então morrer!

"Esquecer"

Teu nome meus lábios chamaram
pensando que era o nome certo,
mas esses momentos tão rápidos passaram
que o desespero e a tristeza depressa
chegaram.
E hoje choro por, da felicidade ter estado tão
perto!

Sei agora que na alegria estás a viver
tudo te dei, só a ti;
E no alto da montanha do meu sofrer
nada mais me resta a não ser os teus olhos
esquecer...
Mas, na rua, ao passares por mim, pelo menos
sorri!

"Gaiola"

E eis que me querem fechar
numa gaiola escura;
Não me queriam ver a sonhar,
diziam que tudo esso era loucura!

"Liberdade", gritei eu
com coragem e covicção;
Mas logo alguém, de mim, escarneceu
afirmando que todo o sonho era ilusão

E rendendo-me: à dura realidade
desta impiedosa afirmação,
o sonho dentro de mim apaguei.

E para enaganar esta brutalidae,
decidi morrer apunhalando-me no coração
Isto sem antes a todos dizer que meu funeral
antecipadamente paguei.


J.P. Castanheira